terça-feira, abril 17, 2012

Noite, junto ao poste

A Pedro Paes


A volta é minha meta
(coisa de esteta)
a volta do verso
ao inverso.
E o inferno de se saber
em general, mas
ainda mais
se sentir sabendo e não
poder voltar
atrás.
E sempre sendo e sabendo
tudo, parece, vai mal.
Mas aparece: e legal,
tudo vai, como pode,
adiante.
E distante de si,
a mão do bolso se afasta
e outro dia se arrasta.
Estou vivo
gatilho de risos
barril de desgraças
desterrado, descarnado esqueleto
e mala e peso
essência de um não-ser e de meu
dessabor.
Um riso, e depois um outro
nesta terra desolada
na bruma espessa
que raia no pó da estrada.
Dodecassílabo bonde,
trem rimado,
pés brancos já negros de tanto
andar, sem saber aonde.
Fugir! Pra muito longe!
Aonde os olhos alcancem...
mas a volta me segue,
e prossigo.

Moscou, 04/04 do terceiro sem Cristo.

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