segunda-feira, outubro 24, 2011

Ideia morta

Eco de riso
no canto da boca,
canto de folha:
um rabisco:
"Hoje..." eu desisto,
observo um possível além-aposentos
clara, a cidade, e morta.
"Tudo se foi..." só eu fico?
Barras de sol se colocam entre mim
e um salto possível... azul.
Talvez a queda custasse
a vida de inúmeras criancinhas.

Passo de salto
nos sapatos, cadarços
em nó. Na garganta?
Laço? Ou pura navalha?
"Inverta essa faca" está certo,
engaveto outra tarde e
me esqueço da morte.
"É o sol, que aparece?"
de dentro da malha, ou dos ventos.
"Primavera, afinal..." bem me lembro.
Sopro de julho
nas ruas,
nas praças
projetos de crimes... ou cores
"Matizes de outubro...!" Isso existe?
Caneta entre dedos, que sangram
"E sem faca..."
Inventar-me, o que sobra
em versos, flores, tonalidades
possíveis à pátria dos elevadores.

Outubro, São Paulo, 2011

sexta-feira, outubro 07, 2011

Linha nova

Pelo trem
               sob a capital...
Tudo vai bem
(ou mal, se quiser...)
mas vai.
Sob o sol cordial de los trópicos
(wich there isn't even in the Bahamas)
tudo vai muito azul
                             no inverno da grande cidade.
Ao inverso:
                 só,
aos tropeços, com os dias contados nos dedos
para que o carnaval vá passar.
Já faz anos,
                  tardes a fio,
faz frio,
e enfim o trem chega.
E o trem basta
para a cidade sobre os meus pés
(e sob as esferas de influência americana).
Tudo vai bem, mas
só porque acaba um dia,
                                     um ano,
outra tarde,
                  um mês,
talvez uma vida
enfim se passe também.

- Tudo vai mal...
- Mas vai mesmo assim!

Muito bem: vamos.
Neste trem
                 sob a capital
da locomotiva da nação
- tudo legal -
Um beijo àquilo que passa,
um papo bom com quem fica
(por fim a tarde cai
em cada grande avenida).
Faz tempo,
                 faz frio,
o trem chega,
                     faz sol,
ou mesmo a noite.

(Quem sabe um dia...?)