sábado, dezembro 24, 2011

vindo o verão

O que já foi
verão
varado de sol e
tão vasto...
                  visto
inda não,
nada vi mas
verei.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Proposta de encaminhamento ao Sr. diretor do departamento

Senhor diretor,

Que tal um carnaval agora às duas
dessa tarde cinza de tédio e serviço?
Ein, que tal?
Carimbar as testas de vermelho,
verdejar os meios-fios
e nos teclados proclamar "Mamãe eu quero".
"Saí para o almoço.
PS: até quarta-feira."
Pôr pinga no café!
Fazer do elástico serpentina!
Pintar de azul os sapatos e gravatas
e firular pelas ruas abandonadas
à nossa sorte
                     e trânsito intenso,
alegórico, pirata!

Vamos, senhor Diretor, carnavandalizemos a sessão de
                                                                   [contabilidade,
e as opções assexuais das planilhas.
Colorir as contas! Abrir os boletos!
Mandar um email ao vice-diretor
falando a verdade sobre os dons de sua filha
(a à dita cuja, mandemos flores).
Vamos, fujamos das telas
rasguemos as notas
e nuvens tão cinzas.
Esqueçamos uma tarde
que os bares fecham cedo,
que o mar não alcança São Paulo
e que não é fevereiro:

É só meu horário de almoço.

domingo, dezembro 18, 2011

Boca de noite


Na boca, de noite,
na boca do lixo
na boca de fumo,
                          afoito,
louco por tudo
que se tem na vida,
se liga,
            desliga
desordem na Luz. Des-
espero o dinheiro! Dinheiro-bagulho
Na rua o maluco,
                          de bobeira,
na praça Princesa Isa... a carteira.
A parada.
              A corrida.
                             A polícia
No breu da Luz tanto faz
como fez que nem viu
como fez ir embora
como faz ameaça
como faz o maluco.
- Dá o bagulho
Passado
            da noite
                        da Luz
e das luzes! E dos que falam comigo
e consigo, com os seus que sobrarem
no barato. Na quebrada,
                                     procura
de noite
            fumar no
fundo da noite
fundo do ralo
da lata, do cano,
no cruzamento
do Largo Sagrado Coração de Jesus.

(Campos Elíseos – Centro )

segunda-feira, dezembro 12, 2011

de "Para quê outros versos"


A literatura não adianta
mas
eu
sujeito atrasado
sujeito atrevido
sujeito letrado
tudo adio:  a mão, o fardo, a literatura...
É tudo sempre tão tarde demais,
que o cedo desfez-se: cansado, impossível,
ficou para trás.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

No vazio das praças
dias passam horas
vazadas uma na
conseguinte e por
consequência o mundo existe
e passa.

Fato
(próxima estação)
desata-se a plataforma
onde sustentam-se os planos e sua
Forma.

Por decorrência, o mundo insiste
e se traça.
Ato.

Um trem subterrâneo transcende toda filosofia.