terça-feira, agosto 24, 2010

Cisma

Sinos, sirenes mantêm-se surdos, homens! Nunes abaixo, acima, domingo suscinto, o além. Estalo; Estralo e ladro de dragues, morde. Dorme. Nada no fundo profuso, vazio ímpio e nulo. Nada mais são Nada mais tem Nada mais claro! Nada me aguarda nada mais no âmago no âmago da macabra folia Luzes, Milhares! se apagam... Mundos, amáveis se mesclam e jovens, unidos e se apartarmos? Furtos se movem já límpidos, muito belos, muito embora já lúcidos já lícitos pedras lunares da Luz, asfaltos, de cor, lunar, viadutos vastos, fartos, vultos de vozes foscas. Fosco esperar! Flui, fluosflorece nas flores, cachimbos do aço do osso de velhos e cães cavalos de ferro e fumo sereno, saudável. Soem distantes do vulgo lunar e central e nortista no destino latente, eterno-noturno. Joaquim Santoro

sexta-feira, agosto 20, 2010

2222 Deputado Federal

Pior do que tá, não fica! A primeira reação a esse fenômeno, da parte da burguesia ilustrada, é primeira e absolutamente negativa... o que é compreensível, ora, trata-se claramente de uma piada, de proporções nacionais, e... bem, em matéria de política, muitos ainda se recusam a ver tudo de luso que compõe esta nossa realidade e, por consequência, no fim da piada, fazem cara séria e afirmam revoltados que com certas coisas não se brinca, como os portugueses, por exemplo. Mas não se trata somente de uma piada, trata-se de uma manifestação sintomática dos absurdos republicanos que vivemos... e não tenhamos dúvida: Tiririca candidatar-se-á! Finalmente alguém assumiu esteticamente, num espaço público amplo e em si já caricatural, toda a dimensão do atual projeto político tupiniquim... à relativa semelhança do hipopótamo Cacareco, eleito em 1958, com 100 mil votos, para a Câmara dos Vereadores de São Paulo, o comediante encarna um sentimento que há muito já devia ter sido assumido pela política nacional. Considero seriamente votar no figura. Tiririca Federal! Vote no Abestado!

sábado, agosto 14, 2010

Salada Americana

Tão somente a soberba submersa tão sabida é a dor dos homens sapos, supérfluos sapatos sopa e sobremesa samba e safadeza a gosto a rosto a morte está longe...! A vida nem sei Nem queira saber nem ao supor posso o sabor provar Joaquim Santoro

terça-feira, agosto 10, 2010

Sobre Estes Versos

Pelas calçadas trituro Meio a meio, vidro e sol. Abro no frio para o sótão, Dou de ler aos cantos úmidos. A água-furtada recita À neve, por esquadrias. Pula-pulando às cornijas Penas, cenas, bizarrias. Varre o fim, cobre o início, Meses a fio, a nortada. Me lembro que o sol existe! E a luz, como está mudada! Natal - pequenina pega, e a tardinha dissoluta Mostrou-me e à minha dileta Quanta coisa que era oculta Cache-nez, rosto escondido, Grito aos meninos lá fora: Queridos (pelo postigo) Que milênio soa agora? Quem à porta rompe em rumo Da furna, poeira só, Enquanto eu com Byron fumo E viro a taça com Poe? Darial me serve de abrigo - De inferno, arsenal, paiol. E embebo a vida no vinho. Lábios. Tremor. Lermontov. 1917 - Bóris Pasternak (Tradução Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

domingo, agosto 08, 2010

Saída Pela Direita

Descobri, há uns dois ou três dias, que, de fato, possuo leitores. Não cabe precisar detalhadamente quantos, tampouco qual a relação deles comigo, o que poderia invalidar minha fala ou me expor ao ridículo (porque talvez já fosse hora da minha mãe, por exemplo, ler isso, mas enfim), mas o que importa é que, mediante esse fato, talvez seja a hora de postar qualquer coisa decente, isso é, qualquer coisa para seres humanos. E nisso quero dizer para alguém além de mim, para parar de pedantizar belos poeminhas em francês da revista KLAXON, ou antes mesmo que poste qualquer porcaria em russo. Talvez ponha algo meu. E tenho dito!