segunda-feira, julho 25, 2011

Suspiro às 6:30

- Meu coração não contenta -

E algum por acaso dá conta
de tudo que passa na vida?
Na rua?
Alguém por ventura se cansa
e diz "basta!" em plena avenida,
o peito batendo, e se vai?
Num instante:
.....................tudo muda,
Alça voo,
................ - um segundo! -
pra voltar como era antes.

- Meu coração não aguenta -

Mas algum por acaso não cansa,
sempre a bater, sem ter fim?
Sem ter basta?
E se bastasse, que seria de mim...
Alguém, por acaso, me surge.
Num momento: o encontro!
- e o mundo se enche de luz -
porém já passou, nem me lembro,
já outra mulher me seduz.
Compro pão, dou uma volta, ainda fumo,
volto pra casa às 6
- tudo mais se explodiu pelos ares -
Passam-se os dias, ideias, remorsos,
restam-me os bares.

Minha intenção não me isenta
da culpa dos males que fiz,
e nem pela vida que levo.
Minha emoção não sustenta
nem o que digo sem fé,
nem o que quieto acredito.

Alguém dessa gente se engana
levando o mundo nas costas,
levantando o sol de manhã?
Uma chance: é a vida!
Correndo na rua, no céu,
eu atrás, só passando.
Meu coração não sustenta
o peso do céu com tudo o que sinto.

-Eu tento, coração, eu bem que tento.

sexta-feira, julho 15, 2011

Pelo que se faz

Poesia, palavra oca,
Livrai-me das horas vazias!
Ruído seco de roda,
O relógio,
A lógica do correr dos dias.

Poema: zumbido seco,
Tiro na merda do rio.
Me dê a resposta que quero,
A mulher que amo,
Levante um viaduto de meus pés!
(Ao outro lado da vida)

Que dia.
O azul brinda os prédios
de todas as eras.
O céu é de todas as ruas,
A rua, de um jeito qualquer,
que me leva
num meridiano, a fumaça.
Trópico de asfalto!
Linha contínua de pontos
de ônibus e aeroplanos.
- paro
..........espero -
pergunto:
o que deu?
- Deu foi cobra.

É, não foi hoje.
Será ontem,
amanhã, talvez, o dia?
Da paz no país do futuro?
O juízo, a consumação?
O fim da linha?
Trópico de fumo!
Linha férrea a desdobrar-se entre as palmeiras,
uma alma sob o vento a balançar,
nas horas que sucedem o almoço.

sexta-feira, julho 08, 2011

Na noite a facada

[Caído no palco de minha própria janela]
- passo -.
Rodam estrelas na noite,
nas voltas das rodas dos carros,
rodam os astros
.....................em minha volta.
Meu olho redondo
..........................feito o mundo onde vivo;
Feito as horas
que giram na noite entre luzes vermelhas,
fagulhas
............de mundos distantes
- horas estranhas
de seda e não caco de telha -
Ao longe: o mar de telhados.
A noite de altos faróis
cruzando os minutos
...........................em plena avenida.
De perto: a teia de nuvens e fios
por onde a lua rasteja
- horas de êxtase
que quebram garrafas e negam-me o sono -
Ao longe: a noite navega, ao sabor dos ventos,
no sopro do corpo, inerte e voraz.

Daqui: as sombras trafegam sem pressa,
pelo passeio,
...................madrugada plena,
Lá fora, a noite inda roda
pela cidade afora,
cruza faróis,
freia,
e crava suas rodas num poste,
de onde o Sol se projeta.
Ao sabor das ondas
do mar de telhados:
nasce o dia, sangra o azul sobre mim.
Ferido de morte!
por um caco de estrela.