terça-feira, agosto 10, 2010

Sobre Estes Versos

Pelas calçadas trituro Meio a meio, vidro e sol. Abro no frio para o sótão, Dou de ler aos cantos úmidos. A água-furtada recita À neve, por esquadrias. Pula-pulando às cornijas Penas, cenas, bizarrias. Varre o fim, cobre o início, Meses a fio, a nortada. Me lembro que o sol existe! E a luz, como está mudada! Natal - pequenina pega, e a tardinha dissoluta Mostrou-me e à minha dileta Quanta coisa que era oculta Cache-nez, rosto escondido, Grito aos meninos lá fora: Queridos (pelo postigo) Que milênio soa agora? Quem à porta rompe em rumo Da furna, poeira só, Enquanto eu com Byron fumo E viro a taça com Poe? Darial me serve de abrigo - De inferno, arsenal, paiol. E embebo a vida no vinho. Lábios. Tremor. Lermontov. 1917 - Bóris Pasternak (Tradução Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

2 comentários:

  1. Pô, Pedro, cadê os teus textos? quero ver que diabos você tanto fez no curso do amado Gilsinho!

    ResponderExcluir