domingo, setembro 30, 2012

Mecanismo

Sou coisa elástica escamosa
(cacos de telha, cabos de aço).
Cresci, ramifico ao acaso
(ou descaso, como me chamo)

As garras tão longas, ferindo a vista...
Me visto de espaço, pano justo,
e não sobra.

Asfixio, remexo, enclausuro.

E me dispo. Penduro
os horizontes no cabide. E lambo
(com faca entre os dentes)
feridas abertas, seus olhos.

Desabrocha o vermelho do sangue.
Não sou mais aço nem pedra nem bicho.
Sou vivo
e morro por isso.

Mau negócio...
Em vez de abraço
prefiro
o luzir do aço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário