domingo, março 27, 2011

Por Ocasião do 7º dia

Retratos gêmeos.

A

Um fim de tarde nocivo
a tudo feito
até então.
Deveres, prazeres, amigos -
entardecendo,
desbotando no cinza
de algo mais que uma
capital.

Nos trinques, nos trilhos
dos dodecassílabos bondes
o colorido das ruas esboça
uma vulgar alegria
alegria
das grandes garrafas
de fumaça declamada
em rimas
leves como o dobrar de esquinas.
Ou ordens cumpridas:
sim.
As cinco ruem com muita
cautela
até quando
sete dias imitam
sem ligar para o nada.
Assim a vida passa,
assim a tarde finda
e se põe a postos!
para ser morta
de novo
amanhã.

B

As ruas dão todas
no céu.
E os ônibus
em meio às nuvens
Flutuam com graça
no azul
água e amor
desabam aos montes
por sobre as cabeças
descobertas do Brasil.
O verão, então,
se afoga em domingo
sem fim
sem segunda,
nem sábado
úmido
como as mãos o são
em sangue magoado
por guarda-chuvas.
Secos.
Senguda-feiras infindas
que nunca vêm,
senão a nada
a fundas mágoas
desabadas domingo
sobre os peitos nus
das avenidas
.
Paulista
.
Presidente Vargas
.
Cde. da Boa Vista
.
Desterro
de tardes inteiras
de ruas desfeitas em
ilhas
das muitas vidas passantes
passadas nas chuvas
sen fim nem fio nem luz
nem lugar nenhum que estanque
o sangue das mãos
sobre os guarda-
-chuvas
os irmãos sob a mãe
que ajuda
dos amores sobre eternas
juras
de sangue e de sol
e jorram
dos corações
descarados do Brasil que azula
na mais pura segunda.

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